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Zen, zen para quem?

Updated: Sep 10, 2018

por Carol Ouang


Chazinho de Capim Santo com gengibre adoçado com mel, ótimo para relaxar da rotina e curtir um momento zen, no silêncio da minha cozinha…


Foi assim que ontem eu comecei a pensar nesta onda toda de ser zen, só ter pensamentos positivos, meditar limpando a mente... Tudo muito lindo, mas vamos combinar amiga, que ser zen vivendo no Tibete, solteiro, careca (ou seja, nem com cabelo precisa se preocupar), sem filhos, nem contas para pagar e tendo todo tempo do mundo para não fazer nada, é meio fácil…


A minha mãe, como toda boa oriental, vai ter um treco quando ler este texto, mas me ama e vai me perdoar.


Dalai Lama que me desculpe, mas zen é a Maria dos Anjos, que trabalha aqui em casa, acorda às cinco da matina, trabalha o dia todo, cria três filhos e uma neta, tem um marido chato, é analfabeta, mora na entrada da favela e, ainda assim, está sempre com um sorriso no rosto e realmente é feliz!


Essa semana ela, por não saber ler, pegou o ônibus errado e foi para onde o Judas perdeu as meias porque as botas ele já tinha perdido três quilômetros antes. Ela me contou às gargalhados que chorou como criança, quando se deu conta da burrada e que só chegou em casa 11h30 da noite.


Queria que o Dalai vivesse um dia só a vida da Maria Dos Anjos… Será que ele conseguiria meditar de pé, bem apertadinho no ônibus, com a cara meio enfiada no cangote (para não dizer sovaco) do cara da frente? Será que daria para ter só pensamentos positivos se ele fosse marcar uma consulta no posto e só conseguisse uma data de consulta para 60 dias depois?


Como ele faria para trabalhar o tal do desapego, se tivesse filhos para criar?

Resumindo, gata, se você não está zen, fique tranquila. Está tudo no lugar!


Beijo

Carol Ouang

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